quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Seminário Internacional Estádios de Sítio-2013 - Parte III

O perito inglês em violência no futebol David Bohannan considerou esta quarta-feira que qualquer estratégia para impedir o "hooliganismo" tem de apostar na «exclusão» dos elementos de risco de toda a experiência do futebol, antes e durante os jogos.«O que funciona é a exclusão dos elementos violentos dos estádios de futebol e de toda a experiência do futebol. Não interessa de quanto é a multa que lhes passem, ou que os ponham na prisão por algum tempo, não interessa o quanto lhes batam. Isso não vai afetar o seu comportamento. Exclui-los do futebol é que os afeta de verdade», disse Bohannan.O perito inglês, presidente do Grupo PanEuropeu de Peritos sobre Violência no Futebol e o responsável pela atual estratégia britânica no combate ao fenómeno, falava no seminário internacional "Estádios de Sítio - O fenómeno da violência associado ao desporto", que decorreu hoje em Lisboa.A procuradora-geral adjunta Maria José Morgado lamentou hoje, no mesmo seminário, o número reduzido de penas acessórias que impeçam os adeptos violentos de frequentar os estádios portugueses, considerando que a legislação aplicável tem dificultado as autoridades nessa matéria.«É preciso retirá-los de toda a experiência do futebol, não apenas dos jogos. O jogo é apenas um dos elementos da experiência do futebol. [As autoridades] têm de desenvolver uma estratégia que se dirija à verdadeira subcultura dos hooligans do futebol, que elimine a sensação de poder que eles sentem [em grupo], que lhes retire o sentimento de pertença ao grupo», explicou o especialista inglês.Em causa estão os períodos que antecedem os jogos, em que estes elementos costumam reunir-se com os amigos, também eles membros dos grupos organizados que depois protagonizam atos violentos.Uma das formas usadas pelas autoridades inglesas para conseguirem estes objetivos é a de - além de impedirem a entrada nos estádios - obrigarem os elementos banidos a apresentar-se nas esquadras durante os jogos.«Duvido que uma proibição que apenas afete o estádio tenha impacto», concluiu David Bohannan.Quanto ao trabalho feito no Reino Unido, Bohannan disse que as autoridades britânicas «impõem entre dois mil e três mil proibições [pessoas banidas do futebol] por ano».«Desde o ano 2000 apenas tivemos uma mão-cheia de pessoas que repetem a proibição. E apenas em duas ocasiões as pessoas tentaram contornar essa proibição através de outro país», referiu o perito.Ou seja, as proibições estão a mudar o comportamento dos adeptos violentos, com benefícios para os clubes, que conseguem ter mais famílias no estádio e logo mais receitas de bilheteira.Esse é outro dos pilares que David Bohannan considera fundamental: a abordagem multi-equipa.«Nenhuma entidade vai conseguir, de forma isolada, combater eficazmente o problema. A polícia e clubes têm de trabalhar juntos», afirmou.

In Sapo Desporto

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