Entrevista: Matéria:Estilo

Fiquei a conhecer o projeto Matéria:Estilo na revista Time Out da qual falei na semana passada e desde logo chamou-me à atenção por ser algo diferente em Portugal. Quis saber um pouco mais sobre eles e entrei em contato, responderam na hora e solicitei então uma entrevista. Apesar de desconhecerem o movimento Casual, são malucos por ténis e deixam um rol de informação que pode ser muito útil para novas aquisições.

Muito obrigado Mário.

Conte-nos um pouco sobre o Matéria:Estilo.
O MATÉRIA:estilo está online desde Fevereiro de 2013. No essencial o site foi lançado para preencher uma lacuna clara que existia no domínio da divulgação da cultura sneaker e streetwear em língua portuguesa. O MATÉRIA:estilo é um projecto editorial que tem como missão divulgar o que de melhor é feito no domínio dos sneakers, do streetwear, do lifestyle e da cultura urbana.

Além do MATÉRIA:estilo desenvolvemos também o Cult Edge (www.cultedge.com), em inglês.

Quando é que começou a febre dos ténis?

Para nós começou no final dos anos 90 - no essencial com a busca incessante por algo "diferente". A vontade de calçar ténis diferentes, exclusivos foi e continua a ser a motivação de sempre.

Casual é um lifestyle, pouco divulgado em Portugal, o que conhece deste estilo de vida?

Sinceramente desconhecíamos a existência do casual, até ao vosso contacto.

O movimento Casual dá extrema importância aos ténis, com principal incidência sobre a adidas Originals. Desde os Stan Smith, aos Gazelle, passando pelos ZX, ou até mesmo coisas mais raras como Tobacco ou Jeans. Da adidas quais os modelos que considera mais icónicos?

Os Stan Smith, sem dúvida - e os Rod Laver, mais por uma questão pessoal (estão entre os primeiros sneakers que tive).

Sinto por vezes que ainda existe algum preconceito para quem ande de ténis no meio laboral (excetuando a Casual Friday). Uma pessoa que ande bem vestida, mas em vez de uns sapatos levar uns ténis, os olhares mudam…pode ajudar a combater esse preconceito?

Todos os dias desloco-me para o trabalho de sneakers; sinceramente, e tirando ambientes profissionais muito peculiares, acho que a questão de andar ou não de sneakers está a tornar-se cada vez mais lateral.

Existe agora uma vaga retro-running, com muitas marcas a recorrerem aos seus arquivos para relançarem novos modelos, consegue identificar uma razão para tal?

No essencial as marcas procuram capitalizar o grande manancial de modelos que têm em arquivo. Esta circunstância tem razões sociais e culturais além de puramente económicas; o regresso ao passado acontece não só no que toca aos sneakers, mas também a muitas outras coisas, desde o vestuário aos acessórios (relógios, óculos, etc).

Porque é que é tão difícil comprar ténis exclusivos em Portugal?

Porque o nosso mercado ainda é muito pequeno, no essencial é isso. Contudo, a verdade é que com as lojas online as coisas ficam mais fáceis (apesar das limitações de acesso a modelos de colaborações por exemplo);

Cabe-nos a nós tentar inverter as coisas, fazer por um mercado para que comece a surgir mais procura, e logo (eventualmente) lojas com modelos realmente diferenciados.

Pode indicar um guia de lojas (físicas e online)?

É só ir ao ficheiro "Lojas.rtf" no separador ficheiros do grupo Sneakers Love Portugal no Facebook: https://www.facebook.com/groups/SneakersLovePortugal

Sneaker Freaker ou Proper Magazine são algumas publicações sobre sneakers, existem outras que mereçam uma vista de olhos?

O Hypebeast, a Freshnessmag, a Sole Collector, e o Sneakernews.

Há algum livro sobre ténis que vale a pena ler?

Acabou de sair o ‘Sneakers: The Complete Limited Editions Guide’ (mais info aqui -> http://www.cultedge.com/2014/03/udox-talks-sneakers-complete-limited-editions-guide/ ) - este é um bom começo.

Além de tudo: Sneaker Freaker mag, a revista (em papel)

O que me diz sobre:
New Balance
Nike (vintage)
Saucony
Walsh
Lecoqsportif
Puma
Diadora
Reebok

As marcas em cima são todas marcas de referência e com um peso muito significativo em termos de história (eu incluía ainda a Asics e a Converse); entretanto há novas marcas que vale a pena conhecer, como a japonesa Losers, a Gourmet, estar muito atento ao regresso em grande que está a ser feito pela PONY, e ainda a algumas coisas da Huf.

Peace.