A cena Casual está ligada à violência. Não há volta a dar, mas nem todos os que seguem este modo de vida têm de ter a paixão de dar e levar uns socos na cara “pelo clube” que defendem. Há uns que vivem disso, há outros que apesar de não seguirem essa doutrina “defendem o território” e há os que simplesmente não se metem nesses “baralhos”. Não considero que seja condição imprescindível ser-se violento para se ser um Casual, apesar da vertente violência ser uma das componentes deste modo de vida.
Conheço pessoas que considero Casuals, mas são pessoas da “paz” e por outro lado, conheço pessoas que nada tem a ver com a cena e gostam de “atividade”. Serão hooligans? Não sei. Como já foi dito, em Portugal não há Casuals, mas haverá Hools? Acho que não, nunca tivemos essa cultura, mas como povo latino, o português gosta de defender e mostrar a sua masculinidade e no futebol (em grupo) é um sítio onde esses valores vêm ao de cima.
A socióloga Salomé Mariovet tem várias considerações acerca da violência no desporto, sendo que há artigos em que Mariovet se centra nas claques de futebol e nas pessoas que integram esses grupos de pertença.
“A violência no desporto português, em particular no futebol, sugere o aumento da tensão dos jogos decorrente da intensificação da competição desportiva, mas também o agravamento das desconfianças em torno da justiça assegurada nos campeonatos. No desenvolvimento das hostilidades violentas entre algumas das claques, foi-se assistindo ao agravamento das formas de violência, em alguns casos revelando-se de extrema brutalidade e com trágicas consequências. A incorporação dos valores tradicionais do estereótipo tradicional de masculinidade associada à mentalidade ultra, de adepto devoto e militante, terá criado as condições para o agravamento da violência no seio de algumas claques, e, deste modo, as lutas travadas ter-se-ão constituído o principal motivo para a reprodução autónoma das rivalidades violentas em acções accionadas por solidariedades mecânicas”.
Mariovet fala ainda do surgimento dos Casuals, mas neste campo a autora de várias teorias, deveria sentar-se ao meu lado para eu lhe explicar algumas coisas, umas teorias minhas, que acho que estão mais corretas que as dela. Mas isso nunca vai acontecer, por isso os entendidos que fiquem com as teorias dela.
“No final dos anos setenta, os hooligansingleses adoptaram o estilo casual, marcado pelo que alguns autores designam de ‘fashionable style’,associado ao uso de roupas de marcas distintas (em especial, Armani, Stone Island, Burberrys, Ralph Lauren, Lacoste).No início dos anos oitenta, este novo estilo casual veio a ser adoptado peloshooligans alemães, holandeses e belgas, entre outros. O comportamento, em público, dos casuals tem-se tornado discreto, distinguindo-se dosoldfashioned skinheads hooligans, e também dos tradicionais adeptos ingleses – conotados com o uso excessivo de insígnias nacionais, as palavras de ordem e os cânticos –, que tendem a observar com distanciamento, apostando na premeditação estratégica, e recorrendo às novas tecnologias para marcação das suas acções de confrontação, com especial pendor para a luta corpo a corpo”.
Não considero que um Casual tenha de ser violento, ou seja, não considero que por ser isto tem de fazer aquilo, mas que está implicitamente inerente à cena Casual, isso não tenho dúvida.
Concordo contigo, acho que quem gosta do movimento tem que ter noção do risco que corre mesmo que não se queira meter em confusões, existe uma associação de violência a esta cultura que é impossível de controlar, porque não depende de nós ..
ResponderEliminarSobre o surgimento do movimento ... é a meu ver a continuação da necessidade de afirmação ... houve uma altura que ser o mais bem vestido era tão importante quanto ganhar o jogo.. era ser melhor a todos os níveis no campo, confrontos e na moda... isso aliado a necessidade de se manterem discretos no meio das multidões que se deslocavam para a bola...
Distinguir casuals de hooligans não é um exercício fácil... discordo que não existem casuals em portugal, acho que alguma malta do sporting já algum tempo que abraça o movimento , e recentemente o porto tb tem mostrado que tem uma crew a crescer.